Existem viagens que são simples deslocamentos e existem viagens que se transformam em histórias de vida. Foi o que viveu Maxwell, ao sair de Seattle-WA rumo a Sturgis – SD, cruzando os Estados Unidos de moto. Muito mais do que rodar quase 6 mil km: é viver a estrada, com todas as suas surpresas, perigos, amizades e aprendizados. Acompanhe o seu relato da viagem.
Preparativos da Viagem
A jornada começou antes mesmo de girar a chave. Recebi de presente (ou melhor, de empréstimo) uma Indian Super Chief 2023, cedida pelo meu amigo Mark. Não era uma Harley e, diferente de uma moto equipada com acessórios da Wings Custom, vinha com um guidão baixo — bem distante de um guidão confortável para viagens longas. Mas, como diz o ditado: “cavalo dado não se olha os dentes“, ainda mais para fazer uma viagem de moto para Sturgis, o maior encontro de motos custom do mundo.


Em Pasco, o Jerry — amigo acolhedor, que já não pilota por causa da idade — foi essencial. Ele e sua esposa nos receberam em casa e, mesmo sem rodar mais, Jerry ajudou a preparar as motos como se fosse um pit crew inteiro.
Revisamos óleo, calibramos pneus, ajustamos freio e marcha, lavamos, testamos, preparamos bagagens e kits de emergência. Só isso já era uma aventura à parte.
Na garagem, enquanto ajustávamos as motos, o cheiro de graxa e óleo se misturava ao café que vinha da cozinha. Aquilo já trazia o clima: estrada não é só velocidade, é também preparação e irmandade.
A Saída de Seattle para a Viagem de Moto para Sturgis
Na madrugada seguinte, às 5 da manhã, ainda com a lua no céu e o frio cortando, demos a partida. O som das motos ecoou pelo bairro, aquele ronco grave que arrepia até quem está só assistindo.
Meu companheiro Carlos pegou a Road King. Eu subi na Road Glide. Era só o começo, mas já dava pra sentir o coração acelerado com a ideia de cruzar estados inteiros até o maior encontro de motos do planeta. Assim então começava a tão esperada viagem de moto para Sturgis.
A Estrada Chama: até Ritzville

O GPS marcava 1 hora até Ritzville, mas ninguém segura um bonde animado. Foram 120 km em 40 minutos. O vento batia forte, o cheiro de asfalto quente misturado com o ar da manhã criava uma sensação única de liberdade.
Chegando lá, encontramos o posto que seria nosso ponto de encontro. Pedimos café preto forte, daqueles que parecem mais gasolina que bebida. Enquanto esperávamos o restante do bonde, a expectativa crescia.
Primeiras Regras do Bonde

Quando todos chegaram, era como se uma pequena cidade tivesse se formado no estacionamento do posto. Cada moto com sua personalidade, cada piloto com sua história. Entre abraços e risadas, estabelecemos as regras:
- Sempre andar juntos;
- Sempre abastecer juntos;
- Sempre cuidar um do outro.
Simples, mas fundamentais.
Obras, Sol e Primeiros Obstáculos
Logo de cara, 20 km de obras. Poeira, brita solta, metade da pista interditada. Rodar devagar, equilibrando máquinas pesadas, já era um teste de paciência.
Depois, veio o sol escaldante: 38 graus, calor que fritava até os pensamentos. A água da garrafinha parecia evaporar antes mesmo de chegar à boca. Mas a estrada chamava, e não tinha como parar.
O Desafio dos Postos de Gasolina

A cada 200 km, a Indian pedia gasolina. Parar parecia fácil, mas cada posto era uma novela:
- Alguns aceitavam cartão, outros não.
- No dinheiro, tinha que calcular o valor, pagar antes, abastecer, voltar, ajustar, pegar troco.
Em grupo, cada parada demorava uma eternidade. Mas faz parte: o tempo da estrada não é o mesmo tempo da cidade.
Parque Nacional Idaho Panhandle: chuva e montanhas
As montanhas apareceram no horizonte como muralhas. O visual era de tirar o fôlego, mas logo a natureza mostrou sua força: chuva pesada, vento frio, estrada escorregadia. Mesmo assim, ninguém arredou o pé. Velocidade média: 120 km/h, debaixo d’água. Cada gota que batia no rosto parecia agulha, cada curva exigia concentração máxima. A adrenalina era tão forte quanto o medo — e era justamente isso que tornava a experiência inesquecível.
O 50.000 Silver Dollar

No meio do nada, um ponto turístico único: o 50.000 Silver Dollar, bar com mais de 50 mil moedas nas paredes. Um santuário da estrada. Ali, além de abastecer, paramos para respirar, rir da chuva e registrar fotos que seriam lembranças eternas.
O Companheiro Perdido
Durante a chuva, um dos membros se perdeu do grupo. Esperamos, procuramos, mas nada. Depois de muito tempo, a decisão difícil: seguir viagem. Na estrada, cada escolha pesa, e essa foi uma delas.
Último Trecho: até Missoula – Montana
Já era noite quando rodamos os últimos quilômetros. O corpo cansado, a roupa encharcada, mas a alma cheia de vida.

Foram 820 km no primeiro dia. Quando finalmente entramos na cidade e estacionamos em frente ao hotel, não havia palavra que descrevesse. Só risadas nervosas, abraços e aquele sentimento de: “Conseguimos. E amanhã tem mais.”
Primeiras Reflexões
Na estrada, aprendi que:
- A moto é extensão do corpo, mas o grupo é extensão da alma.
- Cada quilômetro traz um desafio, e cada desafio traz uma história.
- Sturgis não é só destino. É caminho.
Dicas para Quem Sonha com Sturgis
- Faça revisão completa antes de sair.
- Tenha sempre kit de ferramentas, roupa de chuva e óculos de qualidade.
- Respeite o grupo, mas respeite ainda mais seus próprios limites.
- Prepare-se para calor, frio, chuva e cansaço. Tudo no mesmo dia.
- Lembre-se: a estrada é tão importante quanto o destino.
Conclusão
Esse foi apenas o primeiro capítulo de uma viagem épica. Foram quase mil km em um único dia, sob sol e chuva, entre risadas e tensão. Ficou a reflexão: com um guidão alto e acessórios da Wings Custom, o corpo teria sentido menos e a estrada teria sido ainda mais prazerosa.
Mas a melhor parte é saber que isso foi só o começo. Sturgis nos esperava. E a estrada tinha muito mais para ensinar. Se você curte esse tipo de experiência, vale conferir também nosso relato sobre a participação da Wings Custom no Daytona Bike Week de 2025.
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